Banco Central

Banco Central eleva os juros em busca da credibilidade perdida

Confesso que como boa parte dos analistas que acompanham de perto os passos do Banco Central que recebi com surpresa a elevação de 0,50 ponto na taxa selic (elevando a taxa para 8% ao ano), e com a unanimidade dos integrantes do COPOM (Comitê de Política Monetária) nessa decisão. Ao contrário do que estava acontecendo até o momento, o Banco Central deixou claro a preocupação com a resistência da inflação. A recepção dessa alta foi diferente para alguns setores da economia, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) recebeu com pessimismo a notícia e divulgou em nota oficial sua opinião: “A elevação da taxa básica de juros traz ganhos modestos contra a alta da inflação, prejudica a expansão dos investimentos e impede o aumento da oferta”. Outros setores como o de varejo parecem em sintonia com o BC promovendo o ajuste maior na taxa Selic, acompanhe abaixo nota da FecomércioSP: “As medidas recentes de desoneração para alguns setores intensificaram o desequilíbrio das contas públicas e não representaram aumento do investimento e do crescimento na economia”. A leitura que faço na verdade é um misto de sentimentos e expectativas, acredito que a elevação foi acima de tudo uma tentativa do Banco Central em recuperar sua credibilidade, desgastada nos últimos meses. A pergunta que levo comigo é que agora essa demonstração de força e independência pode vir tarde. O que muda para o investidor Para o investidor que procura decifrar o que acontecerá nos próximos meses vale a pena manter a cautela e observar como os mercados entenderão os movimentos do Banco Central. Muitos acreditam que essa postura poderá alavancar a bolsa de valores e ser o primeiro passo para uma recuperação do mercado de capitais. De acordo com a Anefac, a nova poupança, com rentabilidade de 0,45% ao mês, ganha de todos os fundos de renda fixa com taxa de administração a partir de 2% ao ano, independentemente do prazo para resgate dos recursos. Já para os fundos que cobram 1,5% ao ano de taxa, a poupança nova só perde quando o resgate pode ser feito a partir de dois anos. Os fundos com taxa de administração de 1% só compensam com resgate após seis meses. Apenas produtos que cobram 0,50% ao ano (custo concedido, normalmente, em aplicações acima de R$ 50 mil) sempre vencem da poupança independentemente dos prazos de resgate determinados. O que vem pela frente Muitos desafios ainda estão na mesa para os próximos meses, talvez o próximo da lista seja o câmbio, que valorizado pressiona a inflação e causa desconforto em muita gente. Mas não para por ai, o governo continua gastando muito e mal pressionando a inflação e comprometendo o futuro do país. É hora de rever o percurso para não ver o trabalho de muitos anos ruir por falta de pulso forte e credibilidade. O PIB desse de 2013 continuará abaixo do esperado e isso certamente será motivo de fortes embates políticos na eleição do próximo ano. Vamos acompanhar. Até a próxima.